Esta pesquisa avalia se o conceito de gênero pode ser considerado como um organizador social na divisão de trabalhos coletivos em um curso de robótica, área predominantemente masculina. Para tanto, foi realizado um estudo de caso com 638 estudantes do 6º ao 9º ano de uma escola da rede privada da cidade de São Bernardo do Campo (SP). Neste estudo se analisou como os sujeitos da pesquisa se organizavam livremente em grupos nos diferentes anos. Foi utilizada uma abordagem mista, incluindo pesquisa documental, observação in situ, questionários e entrevistas com estudantes. Ao final, a partir dos agrupamentos observados e da triangulação dos dados obtidos, foi possível identificar que o gênero se constitui como organizador social para as atividades em grupo neste curso, além de evidenciar o chamado efeito tesoura já na educação básica. Foi possível associar o sucessivo afastamento feminino das atividades de robótica à profecia autorrealizadora, ao efeito Matilda e à superação desse distanciamento à presença de professoras nessa área historicamente masculinizada.