Desde o final do século XVIII a escola é vista como um importante espaço para intervenções na saúde dos estudantes. Inicialmente, com foco higienista e até eugenista, e atualmente mobilizados pelo paradigma da saúde coletiva por meio do Programa Saúde na Escola, os serviços de saúde estão presentes em escolas públicas de todo país. Porém, devido à falta de planejamento e de envolvimento do corpo docente, a atuação de profissionais de saúde tem prevalecido ante a atuação dos professores em temas ligados à saúde nas escolas, evidenciando o poder do jaleco branco. Neste sentido, esta pesquisa tem o objetivo de analisar o Programa Saúde na Escola sob o olhar dos professores, em especial o de ciências naturais - quanto às parcerias estabelecidas entre as unidades escolares e unidades de saúde buscando identificar o lugar (ou não) da educação no planejamento, execução e avaliação das ações desenvolvidas. Foram analisados os documentos normativos do programa e uma pesquisa qualitativa com questionário online foi aplicada para professores da Diretoria Regional de Educação Pirituba/Jaraguá. Os dados quantitativos foram tabulados com estatística descritiva e os qualitativos analisados com o Discurso do Sujeito Coletivo. Foram localizados e analisados 29 documentos no site do Ministério da Saúde. Ao todo, 251 professores participaram da pesquisa, 124 responderam ao questionário parcialmente e 127 totalmente representando 66 escolas da Diretoria Regional de Educação Pirituba/Jaraguá. Os resultados sugerem que o poder simbólico do serviço de saúde sobre a sociedade, em especial o poder do jaleco branco se faz presente na parceria entre educação e saúde, que os professores não estão envolvidos no planejamento, execução e avaliação das ações do PSE, que as 12 ações do programa apresentam relações diretas com conteúdos de ciências da natureza e que os docentes deveriam ter o protagonismo nas ações do programa, em especial os professores de ciências da natureza.