Esta pesquisa tem por objetivo analisar, a partir de uma perspectiva crítico-reflexiva, o movimento de transição por que passa a literatura infantil, cuja tendência abandona os valores tradicionais e ruma gradualmente a uma “nova mentalidade” (COELHO, 2000). Considerando a perspectiva teórica de Colomer (2017) e Coelho (2000) sobre tal movimento, é objetivo deste estudo demonstrar como a literatura infantil passou a dialogar mais profundamente com questões mais complexas, cujas problemáticas e especificidades estão em compasso com a realidade, sem abandonar sua face lúdica ou sua função hedonística. Tendo em vista a singularidade desse percurso, este estudo utiliza como corpus a obra infantil Matilda, de Roald Dahl, cuja própria narrativa mostra os embates da velha e nova mentalidade no campo da criação e, por conseguinte, da educação. De natureza bibliográfica e orientada por uma perspectiva metodológica hipotético-dedutiva, conforme preconiza Severino (2007), estabelece-se como hipótese a ideia de que a obra pode mobilizar reflexões sobre o novo modelo de conhecimento, o qual tem sido objeto de pesquisa de pesquisadores e professores, cada vez mais trazendo à tona conceitos como “conhecimento prévio” e “formação humanizadora”, bases que também são pilares estruturantes dessa pesquisa.