O mercado editorial e a influência midiática sobre o público infantojuvenil: desafios para a formação de leitores críticos e humanizados
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Resumo
A literatura infantojuvenil tem grande peso no mercado editorial brasileiro e é constantemente associada ao ambiente escolar, do qual se espera que venha o processo de formação do leitor. A escola, no entanto, atribui à literatura um caráter de obrigatoriedade, vinculando-a a processos avaliativos, de modo que os jovens leitores tendem a rejeitar o que veem em sala de aula e buscar outras alternativas que o mercado lhes oferece a título de leitura prazerosa e entretenimento. Neste trabalho, com base em um levantamento das obras mais vendidas no período de março de 2019 a dezembro de 2020, segundo dados colhidos no portal PublishNews, e por meio de uma pesquisa bibliográfica, verificou-se quais são os tipos de livro preferidos pelos adolescentes, identificando-se fatores que justificam essas preferências. Constatou-se forte influência do marketing cultural no destaque de obras vinculadas a mídias de amplo alcance, como internet e cinema, além de consumo de livros de atividades e entretenimento, que não se classificam como obras literárias. Em ambos os casos, o jovem é prejudicado por receber pouco ou quase nada de literatura, ou seja, por não dispor de elementos para uma interação com a obra que leve ao enriquecimento de sua bagagem cultural. O alto índice de traduções no ranking das obras mais vendidas também se mostrou relevante, além de trazer à tona a questão da dinâmica de produção editorial no Brasil, com a não regulamentação de profissões como a de tradutor, o que resulta em queda na qualidade do texto versado. Contudo, é entre essas obras traduzidas que se situam os poucos clássicos encontrados nessa pesquisa. Também entre elas estão produções não clássicas, mas com estrutura literária, as quais podem ser úteis em projetos que conduzam o atual público infantojuvenil a um nível de maturidade que desperte o interesse por leituras mais complexas. Enfim, a divergência entre o que o adolescente busca no mercado editorial e o que a escola lhe propõe como leitura precisa ser ponderada em uma possível renovação metodológica, didática e conceitual na escola brasileira para que, ao final do Ensino Médio, os adolescentes possam ser considerados, de fato, leitores críticos e humanizados.