A literatura infantojuvenil é historicamente reconhecida por seu caráter moralizante, pedagógico e mercadológico e, consequentemente, considerada como inferior quando comparada à literatura adulta. Esse pensamento reflete no pouco reconhecimento e baixo número de publicações sobre os livros infantis de Clarice Lispector, quando comparadas ao grande prestígio e visibilidade das demais obras da autora. Dessarte, esse trabalho propõe um estudo dos livros O mistério do coelho pensante (1967), A mulher que matou os peixes (1968), A vida íntima de Laura (1974), e Quase de verdade (1978), traçando as características do projeto literário infantil de Clarice, comparando-o com as características de produção da mesma época, destacadas pela historiografia da literatura infantil brasileira, e comprovando seu caráter inovador. Ademais, investiga o papel da criança nessas obras e, portanto, a percepção da autora sobre elas como público leitor.