Esta pesquisa tem por objetivo refletir sobre a necessidade de maior reverberação das vozes das escritoras pretas na literatura brasileira, emergindo dessa proposta também uma investigação acerca do tácito silenciamento de suas produções artísticas e literárias historicamente. Partindo, pois, de tal singularidade extrínseca, fatores sociológicos e reflexões de ordem identitária emergem com força no presente estudo como forma de compreender não só a estética dessas escritoras, mas também a biografia e o contexto histórico que se conjuga em um quadro ainda maior e mais complexo em significados. Considerando o valor histórico de tal processo de criação, destaca-se a emanação literária de Maria Firmina dos Reis, Narcisa Amália e Carolina Maria de Jesus, escritoras que marcaram os traços originários da voz negra na literatura, alinhadas a expressões contemporâneas, com destaque para Alzira Rufino, ativista e escritora na Baixada Santista, e Conceição Evaristo, escritora que, ao congregar os desafios da vida quotidiana da mulher se arquiteta seguindo uma linha hipotético-dedutiva, subsidiariamente se alinhando com a perspectiva do materialismo histórico-dialético de Karl Marx, de onde se entrevê tais movimentos artísticos e identitários mediante uma materialidade histórica que revisita a estrutura organizacional tendo como núcleo a complexidade social, um sistema vivo, orgânico, estando a opressão e a invisibilidade nas ranhuras de tal organismo, o qual ainda hoje sofre com sequelas historicamente silenciadas.