Esta pesquisa tem por objetivo compreender, a partir dos estudos sobre enculturação matemática desenvolvidos por Bishop, as propostas para o currículo de matemática dos anos finais do ensino fundamental presentes nos documentos curriculares prescritos pelo governo federal desde a década de 1930. Tais documentos foram analisados qualitativamente para identificar conteúdos matemáticos e metodologias de ensino de matemática neles propostos e relacionar esses conteúdos e metodologias com aspectos sociais, simbólicos e culturais focalizados na teoria da enculturação matemática. Constatou-se que o enfoque cultural esteve presente na Reforma Francisco Campos (de 1931), na Reforma Gustavo Capanema (de 1942) e na Reforma Simões Filho (de 1952), embora nenhuma delas contenha recomendações para articular os conhecimentos matemáticos com outros aspectos sociais presentes na cultura dos estudantes, ausência esta que torna aculturadores os currículos nelas propostos. Já nos Parâmetros Curriculares Nacionais (de 1997) e na Base Nacional Comum Curricular (de 2017), além da presença do enfoque cultural, há também recomendações para articular os conhecimentos matemáticos com aspectos sociais presentes na cultura dos estudantes, disso resultando currículos enculturadores