A autoria na tradução artístico-poética da Língua Portuguesa para a Libras: (in)visibilidade em dimensão verbo-visual
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Resumo
O objetivo desta tese é investigar a atividade tradutória de texto artístico-poético da Língua Portuguesa (LP) para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), por meio da descrição, interpretação e análise dos elementos verbais, verbo-visuais e extraverbais que marcam a autoria na produção do objeto estético. Atualmente, observamos um crescimento da tradução de poemas da LP para Libras e sua divulgação em sites de compartilhamento na internet. Como consequência direta dessa atividade emergente e ligada a um determinado gênero discursivo (poema), ocorre uma mudança significativa na compreensão de como realizar uma obra tradutória para uma língua de sinais nos materiais audiovisuais. Com isso, as perguntas de pesquisa são: (i) como se constitui a(s) autoria(s) na tradução de textos artístico-poéticos da LP para a Libras?; (ii) quais posições valorativas e estratégicas os sujeitos responsáveis em realizar a obra tradutória assumem diante da materialidade semiótico-ideológica presente nos textos a serem traduzidos?; e (iii) de que forma ocorrem os apagamentos e a inserção de outros elementos semióticos-ideológicos na mobilização enunciativo-discursiva e no processo de criação do novo material verbo-visual na obra tradutória? A partir desses questionamentos, nossa hipótese é a de que os sujeitos discursivos, responsáveis pela obra tradutória artístico- poética, por meio do processo de recriação-cocriação, realizam visibilidades e invisibilidades semiótico-ideológicas e, consequentemente, produzem sentidos diversos daqueles produzidos no poema. Com isso, constroem um outro objeto estético, ou seja, uma poética verbo-visual. A pesquisa se fundamentou na perspectiva dialógica da linguagem, advinda do Círculo de Bakhtin, nos estudos da verbo-visualidade e da tradução e interpretação de línguas de sinais (ETILS). Em primeiro lugar, realizamos a escolhas de três textos artístico-poéticos traduzidos da LP para Libras em vídeos postados no canal YouTube: “Todas as manhãs”, poema de Conceição Evaristo, traduzido por Mirian Caxilé, Lívia Vilas Boas, Edinho Santos e Nayara Rodrigues (2016); “Liberdade”, poema de Carlos Drummond de Andrade, tradução de Uziel Ferreira e Grécia Catarina (2017); “Laço de fita”, poema de Castro Alves, tradução de Jonatas Medeiros (2016). Os critérios da escolha e delimitação do corpus foram: (i) a presença de algumas similaridades na composição estética dos materiais audiovisuais; (ii) o texto da tradução em Libras ser realizado por determinados sujeitos e o produto audiovisual ser enunciado por outro corpo-texto (sujeito discursivo); e (iii) a produção e a finalização do produto audiovisual ser realizada por uma equipe de profissionais. Posteriormente, realizou-se um estudo qualitativo do tipo analítico-descritivo e analítico-comparativo com base no diálogo entre a perspectiva dialógica e os ETILS. A análise foi feita por meio da observação dos elementos verbo-visuais presentes na tradução e na comparação das relações constituídas no texto de partida (poema em LP) e no texto de chegada (poema em Libras). Espera-se que este projeto colabore com a investigação, compreensão e produção da tradução da LP para a Libras, incidindo na formação do TILS e na inclusão e visibilidade dos surdos como sujeitos de atividades poético-estéticas