Corpo negro, currículo e educação física: uma análise fanoniana sobre as contradições e possibilidades para constituição de identidades insurgentes

Data
2023-05-05
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Universidade de São Paulo (USP)

Resumo

A presente pesquisa dedica-se a analisar os currículos crítico e pós-crítico da Educação Física, a fim de investigar a ação que os mesmos exercem (ou não) nos estudantes negros dos anos finais do Ensino Fundamental II e Médio de escolas públicas da cidade de São Paulo, quanto ao processo de construção/reconstrução de suas identidades. Colocou-se em pauta os saberes que circunscrevem o corpo negro, sobretudo ao que se refere a experiência vivida do negro brasileiro, à luz do pensamento de Frantz Fanon. Do mesmo modo, pôs-se em evidência os saberes propostos pelos currículos crítico e pós-crítico da Educação e da Educação Física, dando conta assim da primeira etapa teórico-analítica da pesquisa. Para a segunda etapa, realizamos uma pesquisa empírica (qualitativa) constituída de observações das práticas pedagógicas e da realização de grupos focais com os estudantes afetados pelos currículos vividos. Num terceiro momento teórico-analítico, a partir da revisão de literatura e do percurso metodológico, empreendemos a análise das produções dos sentidos e significados nos estudantes. Notou-se, que a escola contemporânea opera como uma máquina que, tal qual o mundo colonial, está repleta de dispositivos e estratégias que fazem com que a experiência do estudante negro se torne cada vez mais difícil, pois mesmo dentro de uma planificação das subjetividades existe uma hierarquia a hierarquia racista do capitalismo. Além disso, identificamos que um dos dispositivos escolares mais eficazes no processo de colonização das mentes dos estudantes é a colonialidade curricular. Entretanto, os discentes demonstraram uma percepção crítica da experiência vivida pelo negro no contexto escolar e social, muito por conta do trabalho coletivo de professores e professoras engajados numa construção de identidades insurgentes. Ademais, sublinhamos que a Educação Física sozinha crítica ou pós-crítica encontrou dificuldades para penetrar na estrutura subjetiva dos estudantes. A apuração dos grupos focais propiciou inferir, ainda, que a Educação Física terá mais êxito no processo de constituição de identidades insurgentes se inserida em um projeto educacional coletivo.


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