Esta pesquisa objetiva identificar, descrever e compreender as aprendizagens docentes situadas em um contexto de Cyberformação com professoras/professores que ensinam matemática focado no trabalho com vídeos. A Cyberformação é uma concepção de formação que compreende o trabalho com Tecnologias Digitais (TD) como partícipes da constituição do conhecimento, que busca proporcionar situações de aprendizagem docente por meio do entrelaçamento contínuo das dimensões que a constituem, como a matemática, a pedagógica, a tecnológica, a social, a política, entre tantas outras. A pesquisa, de natureza qualitativa, teve como cenário duas edições do curso de extensão “Vídeos do Youtube no Ensino de Matemática”, ocorrido no IFSP, Câmpus Hortolândia, nos anos de 2019 e 2020. No total, participaram do curso 21 docentes que ensinam matemática na rede estadual de São Paulo. Para retratar a experiência vivida entre participantes e pesquisadora, foi utilizada a metodologia da pesquisa narrativa. A pesquisadora escreveu narrativas analíticas, a partir dos textos de campo produzidos durante o curso e dos referenciais teóricos adotados, acerca das trajetórias de aprendizagens de dois grupos de docentes (cada um de uma edição do curso) que produziram, juntos, uma atividade-com-vídeo, bem como a trajetória de aprendizagem da pesquisadora como formadora do curso. Os resultados evidenciam uma aprendizagem como participação acerca da importância de discutir e refletir sobre as matemáticas que podem emergir com o vídeo e com a atividade com ele produzida, por meio do ser-com-vídeo e pensar-com-vídeo. Ao se lançarem a essas discussões matemáticas foi possível refletir e compreender, na prática e por meio do saber-fazer-com-os-vídeos, o papel das tecnologias como partícipes dos processos de ensino e de aprendizagem e as implicações pedagógicas que o trabalho com TD podem trazer. Com isso, foi possível repensar a matemática que ensinamos e queremos ensinar, mediante os novos e diferentes olhares para a matemática por meio do trabalho com as TD, que nos possibilita ir além do paradigma do exercício em nossas aulas, destacando, assim, algumas aprendizagens como transformação em nossas concepções e práticas. Essas transformações vieram à tona com as produções realizadas pelas/pelos docentes, que contaram com um uso intencional das mídias, em que os vídeos escolhidos se tornaram partícipes daquelas propostas, caracterizando uma aprendizagem como fazer as atividades, proporcionada pelo saber-fazercom-vídeo. Finalmente, essas aprendizagens foram possíveis pelo ambiente acolhedor que foi construído, que permitiu desenvolver e valorizar o trabalho colaborativo, o reconhecimento mútuo e o sentimento de pertencimento àquele lugar. Ou seja, o ser-com-TD possibilitou o desenvolvimento de uma aprendizagem como pertencimento àquele grupo e àquela maneira de pensar e trabalhar com as TD.