Uma trilogia na encruzilhada: a narrativa africana de Antonio Olinto

Data
2021
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Editor
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP)

Resumo

Neste trabalho considera-se a hipótese de que, ao longo do tempo, a crítica tem obliterado, ao tratar da trilogia Alma da África de Antonio Olinto, questões pertinentes à fatura de uma linguagem artística potente, capaz de sustentar as respectivas tramas dos romances, garantindo-lhes sentido de unidade, em um nível mais profundo que aquele verificado imediatamente na superfície das histórias que compõem a trilogia Alma da África. Embora o tema do retorno de afro-brasileiros à África seja inescapável, pois se trata de ponto fundamental na trilogia, entende-se que é metodologicamente necessário evitar o diapasão entre essa temática e os processos de que o escritor se vale para elaborar uma linguagem narrativa particular. Nesse sentido é que se investigaram os mecanismos que formalizam uma exigência interna da linguagem romanesca, promovendo o desdobramento do romance olintiano em trilogia. Destaca-se, nesse contexto, a operação da dobra (DELEUZE, 1991), elemento importante para que fossem formulados teoricamente os contornos da noção de expansão e de transbordamento da linguagem do romance. Buscou-se, seguindo a trilha indicada por Pereira(2017) e Risério (2012), aproximação teórico-crítica entre a operação da dobra e elementos específicos da mitologia e da cultura iorubá, fundamentais para a elaboração da trilogia. Por meio da figura da figura de Exu e da espacialidade dos mercados de Keto, por exemplo, foi verificada uma economia narrativa pautada pelos sentidos de ambivalência e de impureza, também identificados nos processos de negociação cultural entre África, Europa e Brasil. Assim, indica-se a indissociabilidade entre o plano formal e os sentidos mais amplos que o literário pode alcançar.


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