Nesta pesquisa temos como objetivo compreender como pode acontecer a construção de significados matemáticos quando o aprendiz parte de ideias matemáticas intuitivas, sugeridas enquanto está engajado em suas experiências computacionais educativas construcionistas (ExCEC), e busca transformá-las em conceitos matemáticos formais relacionados a essas ideias. Optamos pela metodologia qualitativa de pesquisa para produzir dados junto a uma turma de crianças com idades de 9 a 12 anos que frequentavam a Ong. Empreendedor Mirim, localizada na cidade de Birigui (SP). A pesquisa de campo foi desenvolvida num ambiente naturalístico em que crianças e professora-pesquisadora interagiram entre si e com seu meio, agindo e refletindo sobre o resultado de suas ações com liberdade de ação e de pensamento. Neste contexto, decidimos pela abordagem metodológica Design Based Research (DBR) para a construção do design da pesquisa, com o objetivo de pensar e selecionar os procedimentos metodológicos mais adequados ao alcance de nossos objetivos. Nos dados produzidos procuramos por evidências que nos ajudassem a responder a seguinte questão: Como os pensamentos reflexivo e computacional influenciam a construção de significados matemáticos que partem de ideias intuitivas, durante experiências computacionais educativas construcionistas (ExCEC)? Para tanto, construímos as ExCEC considerando os projetos de programação desenvolvidos no Scratch pelas crianças como uma unidade de investigação, contemplando os sujeitos participantes, os programas e/ou dispositivos robóticos construídos, os vídeos com as gravações dos encontros e os registros escritos pela professora e pelas crianças em seus diários de campo. Cada ExCEC foi apresentada através de histórias de aprendizagem que narram os fatos e acontecimentos contextualizando-os em um enredo que tenta aproximar o leitor das experiências vividas pelos sujeitos participantes. As ExCEC construídas foram analisadas à luz dos pressupostos teóricos do Construcionismo e do Pensamento Computacional de Seymour Papert e da Filosofia da Experiência de John Dewey. Suas teorias foram alvos de investigações e reflexões profundas resultando na construção da Seção 4 desta tese, que tece diálogos e correspondências entre as ideias desses autores. A partir da inquirição sobre as experiências, e sendo norteados por nossa pergunta de pesquisa, construímos um modelo customizado de análise dos dados, o Modelo Movimento Matemático-PC (MM-PC), o qual tem como objetivo mapear o processo de transformação que ideias matemáticas e computacionais intuitivas, construídas pela própria criança, sofrem rumo à formalização dessas ideias. O modelo MM-PC construído corrobora as ideias de intuição de Papert e de sugestão de Dewey, contribuindo para sistematizar o processo de transformação que a compreensão sobre um determinado conceito pode sofrer enquanto é construído pelo próprio aprendiz. Os resultados alcançados evidenciam que teoria e prática se coadunam num processo de aprendizagem matemática construcionista e pela experiência, desenvolvido através de uma ExCEC, a qual é orientada e motivada por um propósito do aprendiz que age e reflete sobre suas ações. Além disso, evidenciamos que a definição de pensamento computacional contempla a propriedade da modelagem dinâmica e que uma ExCEC sofre intervenções da mediação questionadora da professora, e é orientada pelo pensamento reflexivo computacional das crianças para a compreensão e resolução das situações problemáticas que permeiam sua experiência.