Processos mercantis e privatizantes na universidade pública: o caso da pós-graduação lato sensu e da pesquisa inovação na UFSCAR
Arquivos
Data
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
O objeto de estudo desta tese de doutorado são as transformações pelas quais passam as universidades federais à luz do contexto das políticas (neo)liberais do Estado articuladas à lógica de valorização, (re)produção e acumulação do capital. Este estudo visa a elucidar o modo como os processos mercantis e privatizantes se fazem presentes e se naturalizam no interior da universidade pública. Para apreender e compreender o objeto de estudo em sua totalidade, desvelando suas contradições e seus conflitos, optamos por fazer uma análise que articula dialeticamente a reflexão teórica-política acerca da mercantilização e da privatização, combinada com a análise documental (Relatório de atividades da UFSCar, Resoluções, dentre outros) referente às transformações das universidades públicas e, ao mesmo tempo, um estudo empírico para compreender o modo pelo qual os processos mercantis e privatizantes se efetivam concretamente na realidade. Analisou-se a maneira, o modus operandi, como a UFSCar tem instituído um aparato legal e institucional (Fundação de Apoio, Agência de Inovação, bolsas de inovação e bolsa PIDICT, repasse de parte de pagamento dos royalties para os pesquisadores, dentre outros) para facilitar, fomentar e estimular que as atividades relacionadas à pesquisa-inovação e que os cursos de especialização (extensão) operassem sob a perspectiva de uma racionalidade mercadológica-privatista. O estudo mostra que esses processos mercantis e privatizantes vão desde a cobrança de mensalidade em cursos de especialização, até o desenvolvimento e comercialização de inovações tecnológicas (propriedades intelectuais) para o mercado em busca de royalties para a universidade. Para isso, a tese foi estruturada em quatro capítulos: no primeiro, problematizou-se a relação entre ciência/tecnologia e a lógica do capital; no segundo, enfatizou-se o processo históricopolítico e econômico da criação da UFSCar no contexto da ditadura civil-militar e das políticas (neo)liberais; no terceiro, abordou-se a questão da mercantilização dos cursos de especialização; e, no quarto, elucidou-se como se realizam os processos mercantis e privatistas na área de pesquisa-inovação. Desse modo, o estudo mostrase relevante para (re)pensar a função que a universidade pública está assumindo nesse contexto das políticas (neo)liberais, considerando que, em tese, a universidade pública não é uma empresa e, portanto, a sua função não deveria ser produzir mercadorias; pelo contrário, acreditamos que sua função primordial é promover o ensino, a pesquisa e a extensão que atendam os interesses públicos e coletivos da sociedade/do bem comum e não os interesses particulares/privados do mercado.