O discurso do Diccionario de la lengua española (RAE) em diferentes condições de produção: língua, sujeitos e sentidos

Data
2018-03-16
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USP

Resumo

Nesta pesquisa nos propomos uma análise do discurso do Diccionario de la lengua española (DLE), da Real Academia Española (RAE), a partir de uma entrada teoricamente orientada pela Análise de Discurso pecheuxtiana em articulação com a História das Ideias Linguísticas, tal como vem sendo desenvolvida a partir dos anos 90 em certos projetos da academia brasileira. Dessa forma, concebemos o dicionário enquanto um instrumento linguístico e o abordamos como objeto discursivo, isto é, como "um discurso sobre a língua", produzido em "certas condições sociais e históricas" (NUNES, 2010, p. 7). O percurso de nossa análise se organiza em função do objetivo de compreender como certas condições de produção, nas quais se reconfiguram as relações de força, produzem deslocamentos de diversa índole no discurso do dicionário. A textualização da pesquisa se organiza em duas partes. Na primeira, atravessando diferentes condições de produção que vão desde a fundação da RAE, em 1713, à publicação da última edição do DLE, em 2014 refletimos sobre o processo de institucionalização dessa Academia e examinamos os prefácios do dicionário a fim de analisar como são significados a língua, o próprio dicionário, a RAE (e os acadêmicos a ela vinculados) e o "outro", não projetado apenas como possível leitor ou consulente, mas na complexa diversidade de um universo que inclui adversários ou falantes não necessariamente pensados como interlocutores ou sujeitos passíveis de serem atingidos pelo processo de interpelação presente na obra. O movimento de análise permite dar visibilidade aos deslocamentos e continuidades na projeção desses imaginários. Na segunda parte, tendo como foco as condições de produção vinculadas às independências dos países americanos e à imposição do regime franquista na Espanha, analisamos em certos prefácios e verbetes as posições do sujeito discursivo e o modo pelo qual se significam as línguas ameríndias e espanholas que constituem nossa série discursiva. As análises desenvolvidas, além de trazerem elementos para se pensar a circulação do discurso dicionarístico em diferentes conjunturas sócio-históricas, permitem também uma reflexão sobre determinados movimentos no plano da produção de sentidos, em sua imbricação com as relações de poder em importantes momentos na história dos dicionários da Academia.


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