Letramento crítico e ensino de espanhol no ensino médio integrado: questões teórico - práticas nocontexto dos Institutos Federais

Data
2019-12-06
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Editor
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)

Resumo

A formação de um leitor crítico capaz de ir além da decodificação de textos” (BRASIL, 2015, p. 9) é uma preocupação que está presente tanto nos documentos que orientam o ensino de língua estrangeira no ensino médio (BRASIL, 2006) como no próprio livro didático de língua estrangeira (PNLD 2015 e 2018). Entendemos que a formação desse leitor crítico, seguindo os princípios do letramento crítico, vai ao encontro dos pressupostos para o ensino de língua estrangeira em uma formação integral de nível médio profissionalizante conforme previsto nos documentos que orientam o ensino médio integrado na Rede Federal. No entanto, nossa percepção como docente de espanhol em um Instituto Federal de ensino é a de que há um descompasso entre teoria e prática na atitude curricular dos professores. Levando em consideração a importância das discussões teóricas sobre o conceito de letramento (Soares, 2014; Street, 2014; Baptista 2010; Cassany, 2006 e 2010; Monte Mór, 2015; Duboc, 2012) para o campo do ensino de línguas estrangeiras no Brasil, são objetivos desta pesquisa compreender quais concepções sobre letramento crítico e leitor crítico são produzidas pelo campo teórico atualmente e de que forma tais concepções são apropriadas por um grupo de professores de espanhol, buscando identificar quais indícios em suas práticas de ensino de espanhol evidenciam a transposição dessas concepções. Além disso, analisar a “atitude curricular” (DUBOC, 2012) desses docentes nas “brechas” (DUBOC, 2012) de livros didáticos de espanhol. Para isso, procedemos à revisão bibliográfica sobre a noção de letramento em produções científicas nacionais e internacionais e em documentos que prescrevem o ensino de espanhol no Brasil e o PNLD LEM 2015 e 2018. Posteriormente, elaboramos um questionário online com vistas a identificar concepções de um grupo de professores de espanhol de Institutos Federais. De posse desses dados, realizamos entrevistas junto a uma parte desses professores, com vistas a aprofundar nossas análises sobre a “atitude curricular” (DUBOC, 2012) desses docentes, do conceito de letramento em suas práticas de ensino com a utilização de um livro didático cuja proposta parte da ideia de formar um leitor crítico em língua espanhola e considera o letramento crítico como princípio teórico. As análises evidenciaram que os professores possuem diferentes concepções sobre letramento crítico e não aproveitam completamente as “brechas” que poderiam permitir a formação efetiva do leitor crítico em espanhol, o que parece confirmar nossa hipótese de que a implementação do letramento crítico, tal como proposto no campo teórico, depende mais da atitude curricular do professor do que aquilo que o livro didático ou os documentos curriculares oferecem como sugestão de trabalho. Concluímos, portanto, que é necessário estreitar as relações entre teorias e práticas a fim de diminuir o descompasso entre o que expressam os documentos oficias, os livros didáticos, as pesquisas linguísticas e as práticas de ensino do professor. A opção pelo letramento crítico enquanto perspectiva para o ensino de língua espanhola no ensino médio integrado ao técnico na Rede Federal, integrada ou não às outras abordagens de ensino de línguas, atende em sua totalidade os princípios da formação que se deseja para essa modalidade de ensino.


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