Caminhos para o abandono escolar: uma análise das dinâmicas de aproximação e distanciamento com relação à escola em uma periferia na cidade de São Paulo

dc.contributor.advisorAugusto, Maria Helena Oliva
dc.contributor.authorRodrigues, Maysa Ciarlariello Cunha
dc.contributor.refereeCorrochano, Maria Carla
dc.contributor.refereeOliveira, Régia Cristina
dc.contributor.refereeTomizaki, Kimi Aparecida
dc.date.accessioned2024-02-27T14:04:17Z
dc.date.available2024-02-27T14:04:17Z
dc.date.issued2023-03-08
dc.description.abstractEsse trabalho investigou os sentidos que os jovens pesquisados atribuíam às suas experiências de abandono, faltas, permanência e retornos à escola, buscando dinâmicas recorrentemente associadas aos contextos de distanciamentos, mas também de aproximações com a instituição, por meio de uma pesquisa predominantemente qualitativa que envolveu indivíduos que residiam no distrito de Pirituba, na zona noroeste da cidade de São Paulo. Dessa forma, tentou compreender diferentes tipos de experiências escolares, entre as quais: situações em que o jovem havia abandonado a instituição e permanecia fora dela; outras em que, após um período de abandono, havia retomado os estudos; circunstâncias em que havia cogitado a evasão, porém, sem consolidar esse plano e; por fim, trajetórias mais regulares, em que o abandono nunca foi ideado ou concretizado. De um ponto de vista teórico, a investigação se apoiou, principalmente, nos conceitos de experiência social (DUBET, 2006) e de experiência escolar (DUBET; MARTUCCELLI, 1998), evidenciando a ideia de experiência não simplesmente enquanto vivência, mas como a atividade cognitiva de dar sentido para aquilo que é vivenciado (inclusive ao processo de escolarização). Com o objetivo de acessar conjunturas heterogêneas de escolarização, a pesquisa abarcou, empiricamente, três colégios estaduais e um federal, localizados em Pirituba, além de indivíduos em situação de evasão escolar. Os procedimentos de pesquisa corresponderam à aplicação de um questionário objetivo nas escolas no ano de 2019, seguido de entrevistas em profundidade com os jovens selecionados a partir desse instrumento e com aqueles que estavam desvinculados das instituições, mas foram acessados indiretamente, além de entrevistas com os diretores e coordenadores dos estabelecimentos. Como resultado, foi possível, em primeiro lugar, observar grande ambiguidade nas ideias de abandono e de evasão escolar, muitas vezes indistintas, do ponto de vista dos jovens, de reprovações por faltas e, portanto, avaliadas como rupturas menos bruscas, o que sugere que a questão seja pensada mais em termos de dinâmicas de aproximação e afastamento do que de abandono e/ou evasão. A partir desse ponto de vista, foi possível destacar sete tipos de movimentos de distanciamento, a saber: certas lógicas vinculadas à decisão por trabalhar; vivências de sofrimento psicológico; experiências de bullying e de isolamento; estabelecimento de uma desconfiança mais pronunciada com relação à escola; aposta no empreendedorismo como caminho alternativo para a realização socioeconômica; sensação de que não se aprende com a instituição e; a perda ou ausência de uma pessoa relevante para o processo de escolarização (sendo esta última inspirada, principalmente, na releitura que Bernard Lahire (2008) realizou a partir do conceito de habitus de Pierre Bourdieu (2014). Além disso, outro achado de pesquisa importante, compatível com a literatura mobilizada (MARTUCCELLI, 2007a, 2007b; DUBET, 1994, 2006; SENNET, 2012; EHRENBERG, 2010) foi a tendência à auto responsabilização pelos jovens com relação aos infortúnios que lhes ocorriam, não apenas no que toca ao fracasso escolar, mas a vários aspectos de suas vidas, o que pareceu, quase sempre, contribuir para o afastamento com relação aos estudos. Por fim, a pesquisa identificou também alguns elementos associados ao engajamento com a instituição, bem como duas formas de atribuição de significado positivo para ela: uma primeira, mais comum, em que a escola carrega um valor moral muito forte, sem que isto seja percebido ou racionalizado pelo jovem e, um segundo, menos frequente, mas mais eficaz, em que é criada uma interpretação pessoal e familiar contrária ao ingresso precoce no mercado de trabalho, abarcando a construção de um autoimagem positiva e a disposição para estabelecer planos realistas e bem desenvolvidos para o futuro que incluam a escola, mesmo que haja uma dimensão de crítica à instituição.
dc.description.abstract2This research looked into the meanings that young people attributed to their experiences of school dropout, absences, permanence and returns, looking for dynamics recurrently associated with contexts of distancing and of approaching the institution again, through a predominantly qualitative research that involved individuals residing in the district of Pirituba, in the northwest zone of the city of São Paulo. Thus, the research tried to understand different types of school experiences, including: situations in which the person had left the institution and remained out of school; others in which the student went back to school after a period of dropout; circumstances in which the student had considered dropping out, however, without putting into effect that plan and; finally, more regular trajectories, in which dropout was never conceived or implemented. From a theoretical standpoint, this investigation was based mainly on the concepts of social experience (DUBET, 2006) and of school experience (DUBET; MARTUCCELLI, 1998), evidencing experience not simply as personal life experience, but as the cognitive activity of assign meaning to what is experienced (including the schooling process). With the objective of looking into heterogeneous schooling contexts, the research empirically covered three state schools and one federal school, located in Pirituba, in addition to individuals who have already dropped out school and thus are disconnected to any educational institution. The methodology consisted of the application of an objective survey during 2019; followed by in-depth interviews with both selected students who have previously taken the survey and those who were disconnected from the institutions and were reached out through referrals; in addition to interviews with schools directors and coordinators. As an outcome of the research, it was possible, first of all, to observe great ambiguity in the idea of school dropping out, often indistinguishable from failures due to absences and, therefore, evaluated as a less abrupt rupture, which suggests a perspective more in terms of the approaches and distancings dynamics than of dropout. From this point of view, it was possible to highlight seven types of distancing movements, as such: certain logics linked to the decision to work; experiences of psychological suffering; experiences of bullying and isolation; establishment of a more pronounced distrust in school; bet on entrepreneurship as an alternative path to socio-economic achievement; feeling that one does not learn from the institution and the loss or absence of a person relevant to the schooling process (this last one mainly inspired in the reinterpretation that Bernard Lahire (2008) proposed from Pierre Bourdieu´s (2014) concept of habitus). In addition, another relevant research finding, compatible with specialized literature (MARTUCCELLI, 2007a, 2007b; DUBET, 1994, 2006; SENNET, 2012; EHRENBERG, 2010), was the tendency for students to blame themselves for misfortunes that happened to them, not only in terms of school failure, but in various aspects of their lives, which almost always seemed to contribute to their withdrawal from studies. Finally, the research also identified some elements associated with engagement with the institution, as well as two ways of attributing positive meaning to it: the first, more common, in which the school holds a very strong moral value, without this being perceived or rationalized by the students and; a second, less frequent, but more effective, in which a personal and/or family interpretation against early entry into the labor market encompasses the construction of a positive self-image and the willingness to establish realistic and well-developed planes for the future that include the school, regardless of some level of criticism upon the institution.
dc.format.mimetypeapplication/pdf
dc.identifier.bibliographicCitationRODRIGUES, Maysa Ciarlariello Cunha. Caminhos para o abandono escolar: uma análise das dinâmicas de aproximação e distanciamento com relação à escola em uma periferia na cidade de São Paulo. 2023. Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023.
dc.identifier.urihttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-19052023-154548/pt-br.php
dc.identifier2.lattes9285380887754398
dc.publisherUniversidade de São Paulo (USP)
dc.publisher.campiPIRITUBA
dc.publisher.programPrograma de Pós-Graduação em Sociologia
dc.rightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilen
dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
dc.subject.keywordsAbandono escolar
dc.subject.keywordsEnsino médio
dc.subject.keywordsEvasão escolar
dc.subject.keywordsExperiências escolares
dc.subject.keywordsJuventude
dc.titleCaminhos para o abandono escolar: uma análise das dinâmicas de aproximação e distanciamento com relação à escola em uma periferia na cidade de São Paulo
dc.title.alternativePaths to school dropout: an analysis of the dynamics of approach and distancing to school in a underprivileged urban area of the city of São Paulo
dc.typeTeses e Dissertações
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